quinta-feira, 24 de julho de 2014

Primeiro beijo.

É engraçado como algo tão pequeno e natural como um beijo possa parecer uma barreira. Uma barreira não, uma muralha. Uma muralha pela qual é difícil atravessar. Era assim pra mim.

Imagem retirada do We Heart It
Quando eu tinha lá meus onze, doze anos, eu esperava sim, um primeiro beijo perfeito. Um príncipe num cavalo branco e todo esse clichê de merda.
Aos treze eu fiquei amiga de um garoto e ele pediu pra ficar comigo. Com medo de perdê-lo, acabei dizendo que podíamos tentar (tentar o quê? era só um beijo!), mas o maldito beijo nunca rolou e eu o perdi de qualquer jeito.
Até então foi o mais próximo que cheguei de gostar de alguém - não amar, é claro. Mas eu sofri por ele, ou pelo menos me induzi a sofrer. Agora vejo que nunca gostei dele realmente, que me forcei a sentir algo por medo de perdê-lo e de que adiantou? Não se aprende a amar.

Outro obstáculo pra mim, era superar o medo. E se eu beijasse extremamente mal? E se ele espalhasse pra todo mundo que eu sou uma péssima beijadora? E se, e se, e se? Meu maior defeito sempre foi o medo de errar. Odiava quando a professora pedia para eu ler em voz alta, pois morria de medo de errar a leitura e ter a sala toda rindo de mim. Nhé. Estou superando. haha

Continuando a história, vários outros garotos se interessaram por mim, mas eu sempre os recusei. Estava decidida a só aceitar ficar com alguém que eu realmente gostasse, e se algum amigo meu chegasse em mim, eu iria dizer "não", pois era melhor que tentar algo que eu sabia que não ia dar certo.

E ai você deve estar pensando "que menina dramática. É só uma ficada, não um namoro" e eu lhe digo: tem toda a razão! Eu sempre fui romântica e sempre idealizei algo perfeito, e isso cansa. Isso cansou.

Imagem retirada do We Heart It

Quer saber como foi meu primeiro beijo? Eu estava num churrasco (que de carne não tinha nada), e estava altinha (não bêbada, apenas alegre e solta) e chamaram um garoto pra ficar comigo e eu fui. Eu falei que era meu primeiro beijo e ele foi super atencioso e foi legal. Estranho, mas legal. Quando ele me beijou eu pensei "é isso? é isso que todo mundo adora fazer?" porque é ESTRANHO! Tem a língua de alguém na tua boca! hahaha E ai você fica meio que sem saber o que fazer e tenta imitar. Coitado, deve ter sido um beijo horrível. E eu não ligo por ter feito tudo errado. E sabe do que mais? Ele senta do meu lado na sala de aula. Estudamos juntos desde a quinta série.

E ai existem dois pontos engraçados: o primeiro é que eu, que sempre busquei sentimento, fiquei com um garoto com o qual não havia sentimento algum de ambas as partes, e isso é ótimo! Ele é legal, a gente sempre conversava, e eu nunca imaginei que ficaríamos um dia. O segundo foi que tudo isso aconteceu há menos de um mês. Isso mesmo caro leitor. Meu primeiro beijo foi com dezesseis anos, uma semana antes de eu completar dezessete.

E então a muralha caiu, e meus olhos passaram a ver tudo de uma forma diferente. O primeiro beijo que eu sempre romantizei e idealizei, acabou saindo de uma forma que nunca havia imaginado. Com alguém que eu não sinto nada além de carinho e amizade. E eu vejo agora que o primeiro maldito beijo não é tão especial assim. É ruim, é estranho e virão muitos outros pela frente que serão muito melhores e importantes. Demorei para amadurecer, mas enfim o fiz. E a vida é assim! Uns demoram mais, outros menos.

E o seu primeiro beijo, como foi?

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Resenha: Cartas de Amor aos Mortos

Autoria de Ava Dellaira.
344 páginas.
Editora: Seguinte


Sinopse: Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.

Minha opinião: Adorei o livro! Logo de cara se vê que a capa é linda (o que já atrai a atenção) e a sinopse capta sim, o interesse.

Li o livro o mais rápido que pude e no começo me incomodei um pouco por ele ser muito parecido com As Vantagens de ser Invisível.  
Veja bem: ambos são cartas, ambos protagonistas são meio tímidos, ambos estão começando o colegial, ambos tem traumas, ambos sofreram a perda daqueles que mais amam, entre outras coisas.
Tais semelhanças se devem provavelmente, ao fato de Stephen Chbosky (autor de As Vantagens) ter sido o mentor de Ava.
Mas apesar de a vida de Charlie e Laurel coincidirem em vários aspectos, são estórias bem diferentes.



O amadurecimento de Laurel é muito bem escrito. O desejo de se adaptar em uma nova escola, o primeiro amor, o primeiro porre,o ressentimento pelo abandono da mãe (que foi para Califórnia após a morte de May para "passar um tempo", mas que parece não querer voltar), a superação de um certo trauma, a vontade de ser como a irmã e a dificuldade em aceitar que ela não era perfeita é bem retratado.

Os personagens são bens construídos e há espaço para os secundários.
Lindsay é a porra louca, revoltada. Sofre nas mãos do irmão e sai com vários apenas para sufocar o amor que sente por Natalie. E esta sofre ao ver a amada sair com tantos e não assumir o amor existente entre elas.
Kristen e Tristan que se amam apesar da divergência com relação ao futuro.
Sky com um passado meio misterioso, mas que não hesita em tentar encontrar o amor.
E May, a tão admirada May. Ela é a minha predileta. A garota destemida, cheia de vida, popular. A garota que só queria voltar para casa, voltar a ter a família unida. A garota que quebrou as asas.

A autora soube retratar os medos que muitos de nós sente, ou já sentiu, e soube captar um pouco da dor de perder alguém que ama.
O legal é ver Laurel se descobrindo, aprendendo a ser ela mesma e não tentando ser como May era ou seria. Ver a maneira como ela vai percebendo que May não era uma heroína, mas sim um ser humano e que ela precisava perdoa-la por seus erros, para assim seguir em frente. Ver como as imperfeições e erros da irmã fazem com que a ame mais. Um amor mais real e menos idealizado. 


“Sabe quando você acha que conhece alguém? Mais do que qualquer um no mundo? Você sabe que entende a pessoa, porque a enxerga de verdade. E então você tenta se aproximar, e ela… desaparece. Você achava que pertenciam uma à outra. Achava que ela era sua, mas não é. Você quer protegê-la, mas não pode.”


Laurel vai se abrindo aos poucos, botando pra fora tudo aquilo que a traumatizou, que a agoniza e que a angustia. Escrevendo para os mortos, ela vai conseguindo falar com os vivos, e assim se tornar alguém melhor e mais leve.

Cartas de Amor aos Mortos é uma estória de amor de todos os tipos - amor de irmãos, amor de pais, amor de amigos, amor entre gêneros , amor, amor - porque afinal, amor é sempre diferente e sempre igual ao mesmo tempo não é? (:


"— Sabe por que se apaixonar é o que pode acontecer de mais profundo com uma pessoa? Porque quando estamos apaixonados, estamos totalmente em perigo e completamente salvos, os dois ao mesmo tempo."