segunda-feira, 9 de junho de 2014

Picles e Castelos

Esse é um texto que eu fiz para uma amiga minha que já foi muito especial, mas que a vida fez com que nos separássemos. Porque a vida é assim não é? Os interesses mudam, e você começa a ver coisas que antes não via. Que antes não importavam. 

"Mas porque as coisas mudam. E os amigos partem. E a vida não para para ninguém"  As Vantagens de ser Invisível; Stephen Chbosky

Imagem retirada do We Heart It




























Como pudemos? 

Como conseguimos nos desintegrar tão rapidamente? É como se todos aqueles anos de risos e sorrisos virassem pó.

É como se tivéssemos construído um castelo de areia lindo, enorme e aparentemente firme, e então uma onda, a princípio tão pequena, tivesse vindo até nosso belo castelo e destruído-o com a força de um tsunami. 

A princípio, raiva. Raiva, ressentimento, indignação. 
Então o estopim, o ápice, a loucura de nossos atos e as consequências dos mesmos. 
E logo após as pazes! Bandeiras brancas para nosso ódio. 
Arrependimento por palavras ditas e pensamentos tidos. Lágrimas e abraços e promessas silenciosas de que poderíamos superar. De que iríamos superar. 

Então recomeçamos! Recomeçamos a construir nosso castelo. Porém havia um erro, um erro enorme: usamos a mesma areia - aquela que guarda em seus grãos, todo aquele sentimento ruim e energias negativas. E de que adiantava construir o novo, com o velho e ruim? Tínhamos que ter pego areias e ares novos. Tão brancos e puros quanto uma virgem. Mas não pudemos, não o fizemos. E o que construímos foi apenas uma torrezinha. Uma sombra do majestoso castelo que ali reinou um dia. 

E essa pequena torre, tão delicada e fraca, não poderia durar. 

Não dura.  Não durou. 

E o pior de tudo é que não ligamos! 

Apenas observamos os grãozinhos caírem aos poucos, com o vento que nossas risadas forçadas e incômodas soltam. Com o ar saído de nossos pulmões. E não há ressentimento, ódio, mágoa. Tampouco há amor. Apenas um imenso vazio que paira sobre nós dia após dia. E então damos as costas e seguimos em frente.

Estou surpresa.

Como é possível ver tudo ruir diante de teus olhos? 
Como é possível odiar alguém que um dia amou? 
E pior: como é possível não sentir mais nada por alguém que já se sentiu tudo, desde ódio a amor? 

Como?

Eu não sei! Só sei que senti tudo, tudo que nunca pensei que sentiria por alguém tão especial como você. 

Eu te amei. 

Percebi isso ao ver que você tem tantos defeitos que antes nunca me incomodaram. Defeitos que relevei, que nem sequer reparei. Defeitos que aceitei. Porque isso é amor. É aceitar alguém por completo. É o combo sabe? Vem tudo de bom e ruim, e mesmo assim é ótimo! Você era aquele picles que eu vivia pedindo pra mulherzinha do Mc Donalds não pôr no meu Mc Lanche Feliz, e mesmo assim lá estava! E eu comia, eu aceitava. Agora, o picles continua a vir, mas eu o separo. Não faço cara feia, não sinto ódio por ele. Apenas o deixo de lado e isso não me incomoda. 

É o combo, afinal. 
É o amor, no final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário